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O preço invisível e custoso da transformação



Quando o caro que custa é o que vale.



Transformar-se custa caro. Não me refiro apenas ao dinheiro, mas no preço invisível e custoso da transformação: escolhas difíceis, renúncias, enfrentamento daquilo que se evita, disposição para abandonar velhas estruturas. É caro sustentar o processo de mudança porque ele exige energia psíquica e essa energia nunca é gratuita.


Na psicoterapia, esse processo se torna evidente. É um espaço onde o caro ganha outro sentido: não o de preço apenas, mas o de valor. Porque mudar não é simples, nem imediato. É atravessar incômodos, abrir espaço, renunciar a zonas de conforto e aceitar que não existe crescimento sem deslocamento.




Mudança
Uma mente saudável traz clareza, resiliência e equilíbrio.

Psicoterapia como investimento em si mesmo


A psicoterapia é um caminho de fortalecimento interno. O processo auxilia no desenvolvimento de inteligência emocional, a lidar com emoções e desafios, descobrir potenciais e transformar vulnerabilidades em força. É trabalho que sustenta conquistas externas e dá consistência à vida.

Ainda assim, quando as pessoas procuram é comum ouvir comparações como: “Preciso pagar minha casa”, “Quero trocar de carro”, ou simplesmente “é caro”. Essa fala revela uma ideia muito presente em nossa sociedade: valorizar mais o que se mostra do que o que se sustenta.

Porém é o lado de dentro que mantém o de fora. Uma mente saudável traz clareza, resiliência e equilíbrio. Viver sem sofrimentos desnecessários não significa nunca sentir dor, mas ter energia criativa para enfrentar as adversidades inclusive a falta de dinheiro.


Dinheiro como energia

Em muitas culturas, o dinheiro é visto como energia. Na tradição indiana dos chakras, o Svadhisthana está ligado à sexualidade, vitalidade, criatividade e abundância. Na medicina tradicional chinesa, o Dantian inferior é considerado o centro da força vital, relacionado ao Jing, a essência que sustenta vida, sexualidade e prosperidade.

Quanto mais energia vital se tem disponível, mais a vida pode fluir. Neste sentido, investir em psicoterapia não é um gasto supérfluo: é direcionar energia para dentro, para que a prosperidade e o fluxo externo se sustente.


O custo psíquico da mudança

O psíquico também tem um preço e um preço alto. Toda transformação exige energia, renúncia e enfrentamento. Custos internos são, muitas vezes, mais onerosos do que os materiais: implicam abrir mão de velhas estruturas, suportar o vazio e atravessar a incerteza.

transformação
O desconforto é motor de transformação

É aqui que surge a pergunta: o que é caro, afinal? Algo que tem preço elevado ou algo que tem valor? O valor da transformação não está apenas no dinheiro, mas no impacto que ela gera na vida.

Na clínica, observo que muitas pessoas querem encaixar a mudança na vida sem que isso implique em mobilizar nada. Todavia, uma mudança não se encaixa: ela desloca e, para que algo novo surja, é preciso abrir espaço.

Mesmo que se argumente, é físico: dois corpos não ocupam o mesmo lugar. O mesmo acontece na psique. Para mudar, é necessário criar vazio, sentir incômodo, deixar a insatisfação mobilizar. Esse desconforto é motor de transformação. Uma mudança planejada pode até reduzir sofrimento, mas não elimina o incômodo porque crescer sempre pede reorganização.


A dinâmica infantilizada do pensamento

Muitas vezes, a dificuldade em investir em si mesmo está ligada a uma lógica infantilizada. Crianças e adolescentes não precisam sustentar-se sozinhos: é esperado que recebam suporte para, no futuro, buscarem seu próprio caminho.

O problema é quando essa dinâmica persiste na vida adulta. Surge então a crença limitada de que é possível conquistar mudanças sem doar nada de si, sem perder ou transferindo a responsabilidade ao outro, como se pudessem assumir responsabilidades que só pertencem ao próprio sujeito.

Não raro, isso aparece na clínica quando alguém pede descontos sucessivos ou coloca a responsabilidade apenas no terapeuta. O movimento inconsciente, nesse caso, é algo como: “você deve investir em mim para que eu queira investir em mim”.

Essa ideia, porém, mantém a pessoa presa a um funcionamento regressivo. Porque o crescimento só acontece quando cada um sustenta o próprio processo.

Na clínica, costumo dizer aos meus pacientes: "CPF a gente só tem um", e "ele é exclusivo". Depois de adultos, legalmente, cada um que responde por si mesmo. Ninguém pode ser julgado no nosso lugar. Ninguém pode assumir responsabilidades que só nos cabem. Essa máxima pode se aplicar à vida psíquica: ninguém pode atravessar mudanças, sustentar renúncias ou enfrentar dores no nosso lugar. Essa responsabilidade íntima da própria vida é, e sempre será, apenas individual e instranferível.


Reflexão que fica

  • Quanto a sua mudança vale para você?

  • O que exatamente significa conquistar aquilo que você deseja?

  • Se sua questão encontra a transformação que deseja, quanto consideraria justo investir em seu processo?

  • E o que está disposto(a) a deixar para trás para que isso aconteça?


O verdadeiro valor não está apenas no que se paga em moeda, mas no símbolo que é pago em entrega, energia e disposição para sustentar o processo.

O caro é justamente aquilo que vale e o que vale, é muitas vezes, a colheita de um resultado impagável.


Graciele Maria Welter

Psicóloga Clínica CPR08/16992






 
 
 

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